terça-feira, 29 de março de 2011

Psicose

Uma dose de café,
Uma dose de whisky,
Acompanhadas de analgésicos,
Caos ou calma?

O que o faz pensar,
O que o fez perder,
O que o torna superficial,
Digerindo-se na ilusão dos sentidos.

A perfeita insanidade
Na feição eloquente de estado,
O terno e a morte
No espelho das olheiras.

A imigração dos sentimentos
Para o vazio das questões,
E na crise do coração,
Esconde-se no cobertor.

Pesadelo e insônia,
Sapiência em declínio,
Durma, rapaz,
Sonhe com as aves de aço em seu cérebro.

E na ardente viagem
Enquanto ainda respirar,
Sinta sua insignificância
Reduzindo-se em pó.

Falso orgulho

O orgulho forçado
Tenta mostrar que não há amor,
Mas os gestos em cima disso
Desvencilham o contrário.

Quando parar de evitar
Irei crer no seu esquecimento,
Tentar esconder por fora
Só mostra o que tem dentro.

Chore, ria, xingue,
Só não se afogue em mágoas,
Pois é querer padecer.

Choro, rio, lamento,
Supero em risos,
Sustento o júbilo.

Chuva

Chuva mansa,
Chuva braba,
Quieta em ira,
Melodia dos nobres.

Chuva negra,
Chuva forte,
Cai impiedosa,
Desespero dos pobres.

Chuva minha,
Chuva nossa,
Chora em gotas
e grita em trovões.

Chuva fraca,
Chuva esperta,
Sempre encontra uma forma
De escapar das previsões.

Chuva petulante,
Chuva passageira,
É na força da sua raiva
Que acho sossego.

sábado, 26 de março de 2011

Inconstância

Entre sorrisos e lágrimas,
Entre pratos e prantos,
Gracejos em páginas,
Desilusão e encanto.

Nunca seria uma afronta
Compartilhar o mesmo pão,
Mas agora se encontra
Em farelos um coração.

Entre promessas e injúrias
Corroendo o amor,
Entra em estado de fúria
O espinho da mais perfeita flor.

E na pobre esperança
Perpetua a voz,
Do sussurro naquela dança,
De quando estavam a sós.

O perfume que conquista,
Sequestrados pelo lençol,
O susto que se habita,
Com a chegada do sol.

Os pratos se quebram
No silêncio de um maço,
E aquele amor eterno
Foi de janeiro até março.

A verdade têns que aceitar,
Não foi igual a Julieta e Romeu,
As mágoas se acenam no olhar,
e o abraço sem graça é sinônimo de adeus.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Contradição feminina

Buscas em braços a paixão,
Ignoras os caminhos ao redor,
Queres escapar da solidão
Mas entre os métodos, escolhe o pior.

Vive a falar que homem é igual
E tem forte atração por músculos,
Talvez seja apenas imagem social,
Já que ainda se encontra em escrúpulos.

Por que eu iria questionar
Algo que é irrefragável?
Pois não é na presença de força e ausência de cérebro,
Que irás achar um rapaz amável.

O forte te oferece uma carona
Com a intenção de te levar para cama,
É carinhoso, mas te usa e abandona,
e você lamenta dizendo que o ama.

O "estranho" magrelo te oferece um coração,
Você o abraça para acalmar a carência,
Consequentemente o prende em ilusão
e de antemão uma dor já se sustenta.

Agora o que eu irei falar
Sem que você ache que estou ironizando?
Só posso com convicção lhe afirmar,
O que realmente não presta é o humano.

domingo, 20 de março de 2011

O virgem e o sexo

A silhueta do seu corpo é deslumbrante, me encontro perdido em suas curvas, arrepio-me em contato com seus seios e o tesão aumenta quando minhas mãos sentem a carne das suas nádegas.

Ofego quando seus lábios encostam em minha nuca e no mesmo ritmo vêm acompanhados com os dentes que mordem devagar a ponta da minha orelha, causando prazer e trancando minha racionalidade.

A calma entrou em colapso, a excitação chegou devagar, de mãos dadas com sua melhor amizade cujo nome é delírio. É como se eu não tivesse controle, é como se o clima nos controlasse.

Já estava contaminado pelo clima quente e excitante, minhas mãos automaticamente iam das suas coxas ao seu quadril, suspendendo o seu vestido lentamente. Sentir a pele, a carne, é muito mais prazeroso do que quando se tem um tecido por cima.

Pouca coisa me importava naquele momento, até seu cabelo que tentava nos separar de alguma forma não me incomodava, eu só queria aprofundar o clima, ir para o quarto, te despir com calma e brincar com seu corpo, depois, com o tesão correndo nas veias eu me despia e olhava você vindo até a mim, provocante em seus passos, puxando-me e jogando-me na cama com uma expressão notória de safadeza. Seria meu primeiro sexo.

De dominadora a submissa, de submisso a dominador. Testando posições, alternando entre calma e selvageria.

A carne, há coisa mais bela e prazerosa que a carne?

A noite seria inesquecível se a parte que entramos no quarto e fazemos sexo fosse verdade, mas tudo não passou de imagens que veio na mente na hora que o clima nos contagiava por completo.

Mas era cedo, não para mim e sim para ela, o respeito manteve-se intacto, embora os amassos tão quentes entregavam os desejos, que não precisava muito para entender que era mútuo.

Mas o celular toca e a voz do outro lado falava que já era hora de ir para casa.

Broxante, é como tomar banho de água fria no frio, o clima se desfaz, mas a excitação ainda corre nas veias, só que, enfraquecendo aos poucos.

O tchau é um último amasso quente e um abraço provocante.

- Até a próxima!

Palavras acompanhadas com uma piscada convidativa.

- Haha! Até, meu bem.

sábado, 19 de março de 2011

Sono

É manhã e o sono não chega,
A madrugada é vazia,
O calor angustiante,
A solidão aniquiladora.

Minha janela é má,
Não deixa entrar o vento,
O muro é sem coração,
Não me deixa ver o nascer do sol.

Mas o que fazer
Se apenas quero dormir,
Rolar na cama é torturante,
Pior são as pálpebras que não caem.

Não ligaria em ficar acordado
Se eu não sentisse dor,
Pois é enquanto eu durmo
Que as feridas não doem.

Mas o sono é uma terapia falaz,
Belo ficar é livre do que machuca,
Mas se é dormindo que encontro calma,
É o sono que quero abraçar.

Vinho

Me entregar é degustar o vinho de uma nova ilusão.

Começa pelo suave: São quando os sonhos fazem da minha mente uma sala de cinema com filmes de amor vestindo um manto perfeito, caminhando em uma estrada descomplicada e sem obstáculos, onde as lágrimas caem em momentos de euforia e a trilha sonora é digna de um piquenique num luar.

Depois passa para o branco: É quando o cinema sofre uma mudança e os filmes fogem de um decorrer feliz, ganhando as lágrimas de tristeza e me deixando confuso com tudo aquilo que eu havia criado no começo, mas não me dando motivos para desistir.

Acaba no amargo: É péssimo, terrível, não consigo fazer cara bonita ao sentir o gosto ruim descer pela garganta. O cinema fica em crise, os filmes de romance perdem cartaz para os filmes de suspense, não há risos, não há lágrimas, há receios e dúvidas, há medo de uma nova versão do pior filme visto dentro da própria cabeça. O pior é não conseguir jogá-lo fora.

E no ápice do desespero só me resta correr para o banheiro e tenta vomitar a desilusão que eu mesmo criei ao me entregar cegamente e fantasiar de amor o que era para ser apenas uma aventura.

quinta-feira, 17 de março de 2011

5

Diga-me o caminho da paz,
Qual estrada devo ir,
Já que não queres mais
Tenho que prosseguir.

Só resta esperar
O que há de vir,
Quando a dor abrigar
Terei que fingir.

Difícil caminhar
Sem pensar em ti,
Mereço sofrer.

Não é querer criar
Outro buraco em mim,
Eu fiz por merecer.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O passado a gente guarda

Um copo de café, o pão e a recordação,
A conversa sobre um passado guardado
Em corações que foram magoados,
Um amor perdido por ausência de ação.

Minha cabeça encontrava-se juvenil,
Tentando tapar tristeza com diversão,
Escapou alguém de sentimento franco
Que poderia perecer o meu pranto.

As feridas olvidaram,
Meu arrependimento permaneceu,
Dói perder um amor singelo
Por caprichos inúteis.

Queria poder sanar o que criei,
Mas o tempo foi a cicatriz,
Consequentemente eu mudei,
Mas não queria causar-te dor.

Meu coração pede perdão,
Mas o passado a gente guarda,
Transmudar a decepção em alegria,
Lembrar apenas do que foi bom.

Foi-se uma paixão
Ficou uma bela amizade,
Mas o passado a gente guarda,
Digno é esquecer e sorrir.

Amor

Amor, seja meu amigo,
Do que adianta ser inimigo
e querer sempre me apunhalar?

Amor, por que agir como bandido?
Roubar o meu pequeno abrigo
Que minha alma usava para descansar.

Amor, qual motivo de tanta antipatia?
Se és um disseminador de alegria
Mas o inverso estás a causar.

Amor, um dia esquecerás o orgulho,
Pois és muito maduro
e com sinceridade irá caminhar.

Amor, sabe que és tão presente,
Bonzinho e maldoso de repente,
Adora brincar de unir e separar.

Mas, amor, sem medo abraço o perigo,
Sei que serás meu amigo,
De volta trará meu abrigo
Para minha alma descansar.

domingo, 13 de março de 2011

Morena assanhada

No meio a morena dançava,
Disfarçava e fitava-me,
Com sua dança ela provocava
e roubava a minha atenção.

Mas era uma morena assanhada,
Para todos ela olhava,
O seu corpo perdeu o controle
e despertava nas garotas a ira.

A bebida já tirava-me
Os sentidos e o sono chegava,
Já enxergava os olhares,
O sedutor, o enciumado e o com rancor.

Então achei que eu devia retirar-me,
Pois estava a ver demais,
Para a morena não dei um oi
Pois eu gosto do valor.

A caminho de casa eu já estava tonto
Enquanto por dentro eu chorava,
Pois a morena que mora em meu coração
Fez da minha presença algo incógnita.

sábado, 12 de março de 2011

Eu: palavras para um perfil.

Eu?
Eu sou um ponto!
Um ponto rodeado de visões,
Que diferem-se em mentes alheias.

Sou um ponto para Fulano,
Sou um ponto para Sicrano,
Sou um ponto para mim,
Sou um ponto para você.

É entre julgamentos e convivência
Que eu penso, concluo e exponho,
Eu sou um ponto de vista.

Na praça

Nos bancos vazios da praça
Encontra-se um rapaz solitário,
No espaço vazio da praça
Encontram-se crianças eufóricas.

As crianças pedem brinquedos,
O rapaz quer uma paixão,
O sorriso das crianças é sincero
e o do rapaz disfarça a solidão.

O rapaz é um burguês
Tem tudo o que quer,
Mas as lágrimas condenam
Que lhe falta alegria.

As crianças são pobres
Mas esbanjam felicidade,
Quase não têm o que comer
Mas não lhe faltam o pão de cada dia.

O rapaz vai em direção ao seu carro
Cabisbaixo e desordenado,
No seu rádio toca um samba
Enquanto da minha vista ele sumia

Rapaz, você o material tanto quis
Que da felicidade fugiu,
Mas ela não te abandona, meu caro
Estás na sua frente, só você não a viu.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dor e cura

O sorriso que me fez sorrir; agora dói
O abraço que me confortou; agora dói
Os olhos que me cativaram; agora dói
O futuro que tanto sonhei; agora dói

Os sonhos que me pegam à noite; me cura
A ambição que me abraça; me cura
O desejo de lutar pela vida; me cura
A experiência em saber lidar; me cura

Eu já sei o que é sofrer, aprendi a superar
Não tenho nada a perder, só sonhar
Esqueci da noiva e do véu, só me resta o amor
Risonho, eu vejo o céu, olhar para trás é pedir a dor

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dia vazio

Pela janela do ônibus eu vi
o amor, a ira, a amizade,
Eu vi o mar e o ouvi cantar.

No terminal eu vi
a pressa, as mãos, o falso,
Senti o vento e o ouvi sussurrar

Na rua eu vi
as árvores, as flores, os maus-tratos,
Eu vi um semblante tristonho chorar.

Em casa eu vi
a cama, o sono, a vida,
Senti o dia vazio, preciso descansar.

terça-feira, 8 de março de 2011

Surto

Um erro, uma lição
A bebida e o rapaz
A noite esquecida
Partiu um coração

Meu amor foi embora
Em seus passos tristes
Meu último eu te amo
De volta pra solidão

Pós

Não quero nenhum carnaval e nem o abraço da escuridão
O amor pega sua vaga no trem, mas a saudade fica
Em minha cama sinto a solidão que sustenta as lágrimas
Aqui jaz o império que construí com o suor da paixão

É quando o sol briga com a lua
A lanterna briga com as pilhas
A janela briga com os focos
As pálpebras brigam com os olhos

Ah, como sou tão imaturo e errôneo
Mas a amnésia desabrigou as lembranças
Eu não posso arrepender-me de atos inconscientes
As consequências já estão a esmurrar meu peito

Não há espaço para o meu perdão, meu bem?
Não desmereço suas razões
Só escondo a tristeza e lamento
Eu mereço, eu mereço...

Esqueci, mas não menti, consenti
Mas o balão com seu amor voa rápido
Distante de mim, com raiva de mim
Mas eu mereço, eu sei...

Não sei se digo adeus ou volto já
Pois ainda há amor, há saudade
O karma que me acrescenta a dor
Deixa sonolentas as minhas crenças

Pois é, agora machuca as promessas do sempre e do nunca
Mas a gente sabe que o sempre há de acabar um dia
Mas vou vivendo como posso, com forças que desconheço
Já que tenho vida, morena, tenho que viver

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um romance de cinema

Eu quero uma romance de cinema
Onde as intrigas terminam em final feliz
Se eu não arriscar não saberei se valerá a pena
e se eu quebrar a cara foi porque eu quis

Faria contigo um passeio de barco em Veneza
Enquanto observava seu cabelo nadar no vento
Faria na hora uma poesia sobre sua beleza
e perguntaria se aceitarias meu pedido de casamento

Sei que entre os motivos da alegria
Existe a tristeza da desilusão
Pra ser sincero era a desilusão que eu queria
Pra poder aposentar as fantasias no porão

Mas eu quero um romance de cinema
Pois estou farto do que é real
Tão cheio de atuações e cenas
Que faz do verdadeiro algo superficial

E em sua audácia alguém vem me falar
- Moço, isso é banal
Desse sonho tens que acordar
Essa coisa de cinema é surreal

Oh, Rapaz! Conte-me uma novidade
Sei disso tudo, foi-se a época de criança
Consigo distinguir ficção da realidade
Mas é que na verdade, ainda tenho esperança

quinta-feira, 3 de março de 2011

Entre o tempo e a busca de sentido

A vida não é apenas um simples casulo de perguntas, muito menos uma gaiola aberta de respostas, talvez seja um meio-termo abstrato que nos rouba o tempo.

O que eu quero é apenas encher o meu copo com amor, ter um corpo e sentir o paladar de estar, pois, é surreal ver seu coração adormecer enquanto o amanhecer acorda.

Passei tanto tempo buscando os porquês da vida, tentando montar o quebra-cabeça com defeito de fábrica, tentando descobrir o porquê da desilusão ser tão cruel. Até que me dei conta de que tudo era tão normal, talvez essencial. A grande questão é o estrago que isso faz, a força que se busca no mais puro vazio dentro de si para suportar tais coisas. Incessantemente eu procuro a válvula de escape e a chave do baú obscuro onde guardo minhas mágoas e minhas dores, não quero que elas saiam da prisão e caminhem em mim, quero apenas que elas encontrem um abrigo na fogueira que queima as angústias e que as cinzas dancem no ar como lembranças.

O sentido, qual é o sentido?

Tanto busquei que o tempo para amar me foi curto, mas sei que estou vivo, que estou novo e que ainda há muito para poder dar uma chance ao amor. Mas não abro mão de buscar os sentidos, só não os priorizo, pois também não quero uma vida surreal. É contradição, é confusão e mais um pouco de sentidos abstratos e perguntas sem respostas. Mas deixo uma questão.

Qual o sentido da vida?

Resposta: __________________________________________________________

Só que estou no aeroporto, nervoso e ansioso, aguardando a decolagem do meu avião que está na estrada pra sonhar